domingo, 28 de março de 2010

LETÍCIA MELRO

UMA LINDA E COMPETENTE CHEF.


Água e cerveja seria nossa primeira escolha para acompanhar o tempero indiano curry, contudo o desafio pretendido será harmonizar com bom vinho o complexo prato tailandês desenvolvido pela linda e competente Chef. Letícia Melro (foto). O Vinho neste caso será um coadjuvante, um ator que dê brilho ao script, contudo não ofusque a estrela principal do espetáculo.


A função principal de uma harmonização é em tese criar elos que possam dar sinergia entre (no nosso caso) o vinho e um bom prato. Os fatores para que isto ocorra de forma correta são muitos, sendo que o bom senso é na verdade e será sempre ao nosso entender o melhor princípio de todos, pois a percepção dos nuances em que a criação gastronômica foi produzida será o principal elemento para que a bebida escolhida não entre em conflito ou venha a empobrecer o que justamente pretendia salientar.


A Chef Letícia Melro produziu um prato ousado, levando em conta na nossa leitura dois principais elemento que salientam e dão assinatura a seu prato, são justamente o amendoim e o curry, o curry este tempero indiano é na verdade um elemento vastamente utilizado na cozinha mundial, a qualidade do mesmo é que exalta ou pode comprometer uma boa criação, não só nos caso da cozinha indiana ou hindu que se utilizam bastante deste saboroso composto, pois a cozinha mediterrânea e a moderna cozinha fusion encontra neste colorido composto idéias absolutamente sensacionais para enaltecer e dar qualidade aos pratos, já a proposta do amendoim, bem como a utilização de técnicas da cozinha tailandesa, principalmente pela grande sensibilidade que o cozinheiro têm que deter no momento de utilizar-lo, vejam que é um composto que além do amendoim e do curry, há também o uso do gengibre e do tamarino, isso sim é que nos parece diferencial e ousadia.


Camarão Tailandês com molho de Amendoim

CHEF LETICIA MELRO BENTES

Fonte: www.toquesdechef.blogspot.com


Ingredientes para o camarão

2 colheres de chá de açúcar
1 maço de coentro
1 dente de alho
1 cm de gengibre fresco picado
1/2 pimenta verde picadinha sem semente
3 colheres de sopa de óleo de girassol
16 camarões grandes descascados
Ramos de Alecrim

Modo de preparo

Misture o açúcar, o coentro, o alho, o gengibre, a pimenta e o óleo e bata com um pilão até formar uma pasta. Despeje nos camarões e deixe marinar por 30 minutos. Enquanto isso faça o molho de amendoim.
Após a marinada enfie os camarões nos talos de alecrim. Doure em uma grelha bem quente por 3 minutos cada lado.
Sirva com o molho.

Molho de amendoim

2 colheres de chá de polpa de tamarindo
1 1/2 copos de leite de coco
1 colher de sopa de curry
2 colheres de sopa de açúcar mascavo
90g de amendoim torrado e moído

Modo de preparo

Aqueça 1/3 do leite de coco até ferver e acione o curry, deixe por 3 minutos em fogo baixo para liberar o sabor. Junte o açúcar, o resto do leite de coco e o tamarindo (coado). Deixe ferver e acrescente o amendoim. Espere reduzir um pouco até ficar cremoso.


HARMONIZAÇÃO:


Utilizaremos um conceito bem primário que será saber qual uva melhor se adaptará com um molho de amendoim, contudo o verdadeiro desafio é o curry, pois se alguns pratos são sutilmente temperados com este tempero sempre mereceram um vinho cuidadosamente selecionado. Sendo assim irei pela tendência dos extremos de estilo: o primeiro será levando em consideração o vinho branco e um espumante, acredito que conseguiremos proporcionar em nossas escolhas vinhos de buquê bem frutados e boa acidez, no segundo momento tentarei ser ousado e levar em consideração 01 (um) vinho tinto, uma vez que o curry pode se transformar em uma excelente plataforma para se apreciar um bom vinho tinto, lembramos que este prato é bastante diferenciado e, poucas serão as opção que teremos para harmonizar o mesmo com um bom tinto. O tinto escolhido (se conseguimos acertar) deverá ser bem frutado com corpo leve, podendo ter um teor alcoólico pouco para cima, digamos algo em torno de 13,5 a 14 GL, nossa pretensão é conseguir fazer com que o paladar perceba a intensidade e o frescor da uva escolhida, feito isto podemos sim tentar melhorar o sabor exótico da proposta tailandesa de nossa jovem Chef.


Para os brancos iremos propor algumas variedades de uvas ainda pouco conhecidas em nossa região, levarei em conta principalmente o (custo x benefício), o que quero fazer é com que nossa proposta seja completamente viável ao bolso de quem se propor a realiza - lá.

O nosso primeiro branco será o Filipa Pato Ensaios Branco 2003, feito com as uvas Arinto e Bical, refere-se a experimentos de Filipa, filha do conhecido enólogo Luiz Pato (sou fã desse cara), fermentado em madeira usada, é sutil, com boa fruta madura e mineral, corpo médio e elegante acidez, casta portuguesa da região da Bairrada, leve, cítrico, com um corpo marcante.


A segunda escolha recai sobre um espumante nacional desta surpreendente vinícola Dal Pizzol e agora também premiada, pois nossa escolha recebeu a Medalha de Prata no VINALIES 2010. Considerado o maior concurso do mundo, o evento, que distinguiu o Dal Pizzol Do Lugar Espumante Charmat Brut, foi realizado de 26 de fevereiro a 2 de março em Paris, na França, esse espumante é elaborado pelo Método Charmat, a partir do vinho base da Pinot Noir e Chardonnay. Apresenta-se brilhante de coloração amarelo com reflexos esverdeados, com borbulhas intensas, delicioso na boca e sempre será uma boa recomendação para acompanhar os exóticos pratos orientais,
sua
harmonização é recomendada ainda para acompanhar aperitivos leves e com frutas, bom com massas, vai muito bem também com pescados e frutos do mar.


Agora vem o grande desafio que será encontra um vinho tinto que possa acompanhar essa proposta, lembrando que estamos tratando com camarões, que por se só já seria bastante complicado, soma-se ainda o fator preço, já que queremos realizar uma harmonização viável à maioria do humanos, então vamos nessa, esperamos sinceramente que dê certo.


A única uva que consigo pensar no momento para enfrentar este desafio e competir com um caril (curry) é a Pinotage, O vinho é em nossa opinião um dos melhores vinhos Sul Africanos, levando em consideração o (custo x benefício), uma vez que tenho que me ater no valor do mesmo, pois bem, anotem o nome desta preciosidade que é o Pinotage 2006 (Beyerskloof), saboroso e moderno, com o típico sabor da Pinotage, a mais emblemática uva da África do Sul, este ótimo tinto é elaborado por Beyers Truter, para alguns escritores e jornalistas especializados é no momento o maior especialista nesta casta. É um vinho intenso, com bastante personalidade, tem uma cor vermelho rubi, complexo com sabores de frutas escuras e vermelhas, aromas de carvalho, bem estruturado e equilibrado, com um acabamento suave que pode ser apreciado jovem, mas pode ser guardado para consumo dentro de alguns anos. É um vinho que vai muito bem com frutos do mar, alias poucos tintos se dão tão bem com pratos marinhos quanto os Pinotages, provem que temos a certeza da aprovação de nossa idéia.


Ufa! Hoje não foi fácil, contudo fizemos o melhor dentro de nosso resumido conhecimento do universo do vinho, ficaremos desta por aqui, deixando que vocês possam concluir nossa proposta. Experimentem a idéia que repassamos e, nos retorne, construindo propostas e criticas, pois será sempre um prazer falar de gastronomia e do vinho em nosso espaço, grande abraço a todos e um beijo muito especial para Letícia e seu filhote o Mateus, pois nós do lado de cá não duvidamos de sua capacidade e amor pela profissão que escolheu.


Próximo Post será após a semana santa, onde faremos um passeio ao mundo das taças e decanter, falaremos um pouco dos acessórios que deixam o mundo do vinho ainda mais interessante e sofisticado.


terça-feira, 23 de março de 2010

*TOSCANA...VINHO, PASTA E CULTURA.

Acredito que existam poucos lugares no planeta como a Toscana. Sua paisagem, clima, povo, cidades históricas com partidos arquitetônicos que nos surpreendem a cada instante, um dos poucos lugares onde aguçamos todos os sentidos.


Aguçamos a visão quando diante de tanta beleza não sabemos para onde olhar, tudo é rico e belo, cheio de cultura, cheio de historia. Aguçamos nosso olfato através de varietais como a Pinot Noir e a Sangiovese que dentre tantas outras nos faz entender que chegamos a um lugar mágico. Podemos mais não devemos esquecer, temos ainda os maravilhosos cortes, que misturam estas duas uvas elevando ao último volume a sinfonia de um lugar onde o melhor vinho do mundo é só o inicio de uma aventura inesquecível, o começo de um sem limites de perfumes que explodem em aromas de frutas vermelhas, ameixas, chocolates, amoras e temperos variados. Ao paladar devemos proporcionar uma busca de justa decisão diante desse universo de sabores e de paixões que abraçam nossa boca, sejam em Brunellos, seja em Rossos ou mesmo em Chiantis, pois só na Toscana podemos falar esta língua e provar em forma de vinho este idioma, nossos sentidos são exigidos ao máximo e a todo o momento. Vislumbramos enfim a oportunidade única de tocar este solo tão diferenciado, onde a arquitetura, a música, a arte e as infindáveis vinícolas que produzem os melhores vinhos do planeta se fizeram emoldurar. Ciro Lílla, sempre tão citado por mim, esta certo quando descreveu e escreveu que a Toscana é o lugar mais próximo do céu que existe na terra.


Bem, talvez por todos os motivos acima descritos foi o que fez Zé Neto se deparar com tão significativo lugar e, assim resolveu abrir um local aconchegante, um lugar que pudesse transferir para sua terra um pouco da Itália, onde pudessemos principalmente encontrar amigos, confraternizar, criar confrarias, reparar um dia de trabalho, A Toscana veio para preencher um espaço que a cidade alta de Maceió não tinha, um ambiente de padrão alto e digno, com conforto e serviços diferenciados, preços justos e um gosto de voltarei (não sei se isso é gosto, mas realmente é o que ocorre), contudo o melhor da casa é com toda certeza a posse que a mesma têm de uma bela adega, que como diria nossos irmãos portugueses: Zé tens uma ótima garrafeira.


Encontramos vinhos tintos, brancos, espumantes, champagne, proseccos e vinhos de safra tardia, sendo Italianos, Franceses, Australianos, Portugueses, Argentinos, Chilenos e bons Brasileiros. Encontramos ainda licores e whiskys, boas pastas, queijos e azeites e acessórios para quem realmente aprecia com razoável exigência um ritual correto para o vinho.


O Bistrô


Como anteriormente havíamos falado há o Bistrô, que possui uma cozinha diferenciada, produzindo prato tradicionais como as bruschetas, espelhos de queijos e presuntos, boas massas, mais o destaque ao nosso entender vão para os risotos, principalmente o de funghi secchi com Castanhas do Pará, outro prato que recomendamos é o carré de cordeiro com molho de hibiscos, sendo que para este prato

(foto)** recomendamos acompanhar o mesmo com um bom Chianti, no caso o Chianti Barone Ricasoli*, vinho produzido com a Sangiovese, cuja importação é feita com exclusividade para o Brasil pela World Wine.


Alguns de vocês podem pensar que esta matéria que agora postamos, foi feita a pedido dos proprietários da Toscana, contudo não é a verdade, a iniciativa foi intencionalmente nossa, pois em momento algum fomos abordados para que produzíssemos um texto comercial, todo o material que coloco agora no blog, foi produzido por reconhecimento a uma iniciativa corajosa e pela qual nos sentimos obrigados a lutar para preservar, acreditamos que para alguns leitores de fora de nossa cidade possa parecer difícil entender, contudo os nativos bem sabem que nossa cidade e principalmente o nosso bairro do Farol pela primeira vez dispõe de um espaços para se apreciar vinhos de procedência e a preços honestos, além do espaço Bistrô com um cozinha harmônica, feita com atenção e dedicação, sabemos que não foi um empreendimento realizado sem planejamento e cuidado com os detalhes, houve estudo e sobre tudo cuidado com a localização, o tempo comprovará que certos negócios são feitos para permanecer e fixar, em todo caso iniciativas com a Toscana e a Cave Du Vin (outro espaço que mostraremos adiante) devem ser preservados, freqüentados e aproveitados ao máximo.


Ficamos por aqui, aproveitamos desta a oportunidade para mandar um grande abraço para Zé Neto, pelo apoio e material que nos enviou e, a minha confraria cuja composição e\ou escalação se sucede.


Aos sempre e grandes amigos: Arnaldo Machado, Os irmãos metralhas: Leucindio, e Leucio, O italiano mais alagoano do planeta: Pino Ibratin; El bigodon Del Lavexpress: Tuca; O pato; Duca; O maior consultor imobiliário das Alagoas: Maurício Jr.; Nosso promoter: Toinho; O Doidinho: Sérgio Cololo, a vocês minha gratidão, pois realmente prezo e os tenho como amigos de verdade.


Retornaremos na próxima semana com uma matéria sobre o a historia e o uso de taças para o vinho, uma matéria simples e interessante.


* O belo filme que anexamos sobre a toscana tem sua origem no excelente blog: www.nossovinho.com, não deixem de acessar, não vão se arrepender.


**Chianti Barone Ricasoli 2007

Produtor: Barone Ricasoli
Origem: Toscana (Itália)

Uvas: Sangiovese
Safra: 2007


sábado, 20 de março de 2010

VINHOS DE UNICA CEPA - PART (1)


Amigos, havíamos prometido que meu próximo texto, ou seja, este que agora estou postando, que faríamos um passeio pelo mais novo e ao nosso entender melhor espaço do vinho atualmente em Maceió, o Toscana Vinhos e Café, entretanto não o farei neste momento, pois o material que estou levantando sobre este empreendimento ainda não ficou pronto e, como me comprometi a fazer pelo menos um post por semana, estarei antecipando a matéria sobre varietais (variedade) de uvas ou principais castas usadas na confecção de vinhos atualmente.


Varietal

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Varietal significa, em enologia, o vinho elaborado com único tipo de uva ou praticamento só com uma.[1] Se consideram varietais os vinhos que contém mais de 85% de uma uva principal. Exemplo de uvas usadas em varietais: Cabernet Sauvignon , Merlot , Tempranillo, Chardonnay, etc.

Vinhos que apresentam mais de um nome de uva em sua composição, não devem ser considerados varietais.

Também se chama varietal ao caráter aromático de um vinho no qual predomina o aroma de uma determinada variedade de uva.

A tabela que coloco a disposição abaixo é uma variação de pesquisas realizada na Larousse, em várias matérias que coleciono de publicações junto à revistas como a wine spectator, decanter, bem como sites e blogs de várias tribos, contudo o texto que agora produzo teve uma grande influência do jovem sommelier Matt Skinner e da escritora e critica de vinhos Carolyn Hammond.


Farei uma breve introdução para aqueles que ainda não conhecem Matt Skinner (foto), Matt é Australiano de Melbourne e responsável (sommelier) principal da adega dos restaurantes do famoso Chef Jamie Oliver em Londres, é ainda escritor tendo publicado o livro “Sem Segredos, aprecie o vinho e tenha mais prazer”, mais a frente pretendo fazer um post unicamente falando sobre os maravilhosos vinhos Australianos, e terei que usar os conhecimentos do Matt Skinner principalmente sobres os assemblage (cortes) dos vinhos produzidos com a uva Shiraz e Cabernet Sauvignon em seu país.


Quero me deter hoje em um texto que explore um pouco a produção de vinhos com uvas de uma única varietal, para tanto estarei ancorando nossa pesquisa nos conhecimento de outra famosa consultora mundial, a enóloga Carolyn Hammond.

Carolyn Hammond (foto), desenvolveu uma tabela para que pudéssemos nos conduzir melhor quanto a varietal, o sabor e aroma que estas espécie produzem, caso tenha interesse de conhecer toda a tabela favor acessar o site: http://200.233.221.140/cap/9788599560167.pdf, cujas informações serão de grande valia. Certamente você já deve ter verificado que algumas cepas se destacam bem mais que outras, muitas vezes chegamos a pensar que algumas uvas tem condições de serem plantadas em qualquer lugar do planeta, acredito que esta afirmação é correta. Quanto varietais brancas acreditamos que as principais são as Chardonnay e Sauvignon Blanc, já quanto às tintas temos: a Pinot Noir, Merlot e principalmente a Cabernet Sauvignon como foco principal, podemos até afirmar que estas são cepas sem pátria, cuja cidadania é o mundo, ou ainda que são completamente globalizadas, pois se deram bem em vários e variados solos de qualquer lado do equador.


Segundo a tabela de Carolyn, temos a seguinte escala:

Varietais Brancas

Aroma e Sabor

Chardonnay

Maça e frutas cítricas

Sauvignon Blanc

Limão, aspargos, frutas vermelhas, abacaxi e morango

Varietais Tinta

Pinot Noir

Framboesa madura, morango em conserva (geléia), com o envelhecimento, sofrem algumas mudanças drásticas, segundo a autora podem adquirir sabores que se parecem com caldo de carne, aroma de curral de fazenda e trufas.

Merlot

Chocolate escuro e amora.

Cabernet Sauvignon

Amoras pretas, cedro e freqüentemente um toque de menta ou eucalipto.


Se alguns ainda se sentem desconfortados com estas premissas que os autores, ou os conhecedores do vinho fazem quanto às simulações de aroma e sabor, não fiquem incomodados pois ao longo de nossas postagem teremos condições de debater e esclarecer cada ponto dessas varietais, contudo é muito interessante treinar a mente para gravar os aromas e sabores que saltam destas garrafas quando apreciamos bons produtos.


Bem, chamarei este de “ o primeiro debate” assim escreveremos um pouco acerca da mais popular das uvas no mundo contemporâneo, a Cabernet Sauvignon, que também é conhecida como Petite Vidure, nativa da região de Bordeaux na França esta varietal esta bem estabelecida em quase todos os vinhedos do planeta terra, se destacam exemplares vindos da Espanha, Itália, Argentina, Chile, EUA, África do Sul e Austrália e até mesmo do Brasil que tem produzido alguns mas ainda razoáveis títulos de Cabernet Sauvignon, (na sua maioria assemblages), voltarei ao assunto à frente, pois não vejo ainda vocação de nosso pais para os tintos, já nossos brancos tem com toda certeza um grande futuro, contudo teremos tempo de discutir mais o vinho brasileiro, inclusive os excelentes espumantes da premiada vinícola Dalpizzol. Voltando ao Cabernet Sauvignon, o Matt Skinner em seu livro “Sem Segredos” refere-se a esta uva como rosquinha, devido ao buraco que esta deixa em nosso paladar após a degustação, segundo Matt, a Cabernet Sauvignon pode ser misturada principalmente com a Merlot, a fim de encher o vazio que sentimos na boca quando degustamos esta variedade, a mesma produz vinhos tintos e encorpados, acompanhado bem sabores fortes como carnes vermelhas, seus taninos trabalham no intuito de atravessar a textura da carne. O vinho da Cabernet Sauvignon quando jovem é geralmente um vinho maduro e poderoso, um tanto áspero e adstringente, o componente químico vem da casca da uva e das sementes quando esmagadas para a produção do vinho. Graças a estes taninos, o Cabernet pode ser envelhecido por muitos anos, desenvolvendo uma textura mais suave, maior complexidade e maturação, elegância e graça com o tempo. Os vinicultores podem e com freqüência empregam técnicas para fazer seus Cabernet menos adstringentes para muitos consumidores é fácil e acessível apreciar um jovem e robusto vinho frutado de Cabernet, me incluo com certeza neste rol.


Ficamos por aqui e aproveitamos este post para mandar um grande abraços aos amigos da Confraria da Praça do OVO, no Condomínio Aldebaran Beta, principalmente ao confrade LÍNGUA MALDITA (Carlinhos) ao vovô careca (Aluizio), ao mestre do dominó (Aldo) ao sempre e destemido companheiro (Lean Araújo) e, ao passante da praça (Cláudio Bentes) enfim, todos que fazem esta alegre CONFRARIA.


Referência Bibliográficas:

[1] AMARANTE, J.O.A. 1986. Vinhos e Vinícolas do Brasil. Summus Editorial Ltda., São Paulo, 120p.

[2] SKINNER MATT, 2006. SEM SEGREDO. Larousse Editora S.A., São Paulo 71p.

[3] HAMMOND CAROLYN, 2007. 1000 SEGREDOS DOS VINHOS. Editora Novo Conceito Ltda. São Paulo.

segunda-feira, 15 de março de 2010


Franco M. Martinetti
SULBRIC Monferrato Rosso.






Um dos melhores lugares para se beber vinho em Maceió é com certeza a casa do nosso grande amigo e “Master of Wine”, Arnon Campos. Dr. Arnon é um irreverente e competente médico alagoano cuja alma nasceu voltada para os detalhes, seja na música, na literatura e ainda no melhor de seus vícios: a degustação. O vinho tem uma missão especial em sua vida, pois de forma sempre inquieta vai deixando aos poucos transparecer seu profundo conhecimento, sua enofilia. Apreciador contumaz de excelentes vinhos, sempre se eximindo de comentá-los, apenas aprecia, talvez seja pelo fato de agora dividir a paixão dos tintos com sua linda netinha Lívia.

A casa de Arnon se localiza em um lugar privilegiado da nossa cidade em uma bela encosta, recoberta por um pequeno, todavia belo bioma remanescente de mata atlântica ainda existente ou (persistente) em nosso estado, acreditamos que o entorno de sua residência inspira-nos a apreciar raras e bem guardadas garrafas de nobres brancos e tintos italianos, bem como franceses que possui em sua adega, foi exatamente em sua casa que tivemos o primeiro contato com a uva Barbera, aclamada uva da região de Piemonte ao noroeste da Itália, a Barbera é uma uva de personalidade marcante e que produz excelentes vinhos, entre os quais o vinho que nos induziu a escrever e postar este artigo, trata-se do Franco M. Martinetti Sulbric Monferrato Rosso, um corte de Barbera com Cabernet Sauvignon, na proporção de 50% para cada uma das castas, aqueles que ainda não conhecem este belo vinho será uma ótima oportunidade de conhecer e posteriormente falar do SulBric 2004, bem como apaixonar-se pela bela região onde é produzido.

Como anteriormente citei o vinho Sulbric Monferrato Rosso é uma mistura de Cabernet Sauvignon e Barbera, produzido a partir de um raro terroir na encosta de uma colina em Piemonte denominada Sulbric. Um vinho para se beber harmonizando-o principalmente com carnes vermelhas, pois assim podemos extrair toda a sua profundidade e complexidade. O pequeno vinhedo tem apenas quatro hectares e um baixo rendimento por há, segundo o site da woldpress.com.

Sua tonalidade é vermelho rubi e vermelho escuro no núcleo detém um brilho consistente na borda e um buquê que agrada até mesmo aos narizes ainda desacostumados com as pericias necessárias de um bom Sommelier.
Aconselhamos o uso do decanter, pois este vinho após uma bem realizada aeração passa por uma incrível transformação. Finamente podemos apreciar e sentir entre outros, os aromas de chocolate amargo, cereja madura, ameixas secas, assim é nossa impressão, pelo menos no nariz. No paladar, o vinho parece muito jovem, é macio e tem taninos sedosos e equilibrados, tivemos oportunidade de lê um artigo que dizia ser o Sulbric safra 96 possuidor de taninos tão macios que mais pareciam manteiga, (bem deixamos o comparativo para os reais e profundos estudiosos dos segredos dessa arte milenar) permite ainda sentirmos uma pitada de pimentão verde, tem acidez baixa e um aroma forte de madeira, no caso o carvalho francês.

Ficamos por aqui, em breve estarei escrevendo e postando um artigo sobre o nosso mais novo espaço para o vinho em nossa cidade, trata-se da Toscana Vinhos e Café, onde faremos observações sobre seus títulos, melhor dizer (rolhas) principalmente seus ótimos Brunellos e Rossos di Montalcino.
Grande Abraço a Arnon Campos, pela oportunidade que nos deu de conhecer este grande vinho que é o Sulbric Monferrato Rosso, até a próxima postagem.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Onde estão os Pinotages?


O novo mundo tem conseguido construir vinhos com excelentes estruturas, não há como negar que os vinhos Latinos, Australianos e Sul Africanos são hoje apreciados em todas as partes do mundo. Entretanto em se tratando de vinhos do novo mundo, não podemos deixar de citar os excelentes vinhos Americanos, principalmente os maravilhosos californianos e, os não menos saborosos, premiados e caros Carbenet Sauvignon produzidos pelas vinhas do Estado de Washington que segundo “Harvey Steiman da revista Wine Spectator são os Cabernet Sauvignon do momento, O Estado de Washington, embora detenha a ótima reputação devido aos seus Merlot, agora surge para os amantes dos vinhos do novo mundo, com verdadeiras filigranas de sabor, que são seus premiados Carbenet. É uma pena que em nossa bela Maceió ainda temos uma enorme dificuldade de encontrar e apreciar os bons vinhos norte americanos.


É seguindo esta linha de pensamento que talvez possamos através deste blog chamar a atenção de nossos poucos e seletos pontos de degustação e apreciação de um bom vinho, ou ainda de nossa muito boa e instalada rede gastronômica para que tenhamos alternativas mais coerentes e harmônicas com o mundo moderno, defendo que há hoje em nossa cidade pelo menos 03 locais onde podemos apreciar e degustar ótimos rótulos, mas é justamente para eles que questiono: “ONDE ESTÃO OS PINOTAGES?”

Bem, para se falar da uva pinotage, temos que fazer uma pequena referência a sua digamos base genética, pois esta é um hibrido, que traz como carro chefe de sua composição a maravilhosa uva pinot noir, a pinot noir é uma das variedades de uva mais antigas ainda hoje cultivadas com a finalidade de fazer vinho. Os antigos romanos conheciam esta uva como “Helvenacia” vinificadas desde o primeiro século dC.


A pinot noir é de longe para mim a uva tinta favorita, a boa reputação desta uva se deve ao longo dos séculos, aos excelentes produtores dos vinhos da Borgonha (Bourgogne), no sudoeste da França, segundo o mestre "Ciro Lilla" é uma uva caprichosa e que só produz bons vinhos, entre os quais podemos citar os Romanée-Conti, Volnay, Clos de Vougeot. (você pode conhecer melhor estes vinhos, apenas click sobre o nome, pois escolhemos alguns sites que descrevem melhor estas lendas)!! Na maior parte da sua história, a uva pinot noir teve sua produção limitada a este território francês, contudo hoje podemos encontrar castas e vinitificação em vários lugares do mundo, tais como na Argélia, Argentina, Austrália, Áustria (chamado Blauburgunder ou Spätburgunder), Brasil, Canadá, Croácia (Burgundac), Checoslováquia, Inglaterra, França, Alemanha (Spätburgunder), Grécia, Hungria, Itália (Pinot Nero), México, Nova Zelândia, Suíça (Clevner, mas com o rótulo "Dole" quando, muitas vezes misturada com Gamay Noir), e os Estados Unidos, ao contrario da minha segunda uva favorita que é a pinotage, a pinot se deu bem em vários terroir, portanto temos a oportunidade se saborear grandes e saborosos vinhos em uma relação custo benefício justa e responsável.

Como anteriormente havia nos referido à uva pinotage é um clone da pinot noir com a cinsault, criada no ano de 1925, portanto a menos de um século, famosas e cultivadas ao sul da França, parece que ao contrario de variadas castas este hibrido se adaptou de forma única e significativa ao terroir sul-africano, onde se destacou mundo afora, não podemos afirmar que é a melhor uva sul-africana, como podemos afirmar que a malbec é a melhor uva Argentina, contudo é a que melhor representa o desenvolvimento e o cultivo de vinhas naquele país, que como sabemos será a sede da copa 2010, aproveito para afirmar que será com um ótimo pinotage que irei comemorar o Hexa do Brasil nesta copa.

Prazeres do Pinotage:

Freud dizia que qualquer prazer é erótico, com certeza não encontramos notas eróticas na degustação dessa uva, contudo a palavra prazer se revela em nossa mente no momento que nosso palato entra em contato com o corpo de um vinho produzido com esta uva, claro que só podemos dizer isto quando encontramos um produtor responsável e que realmente saiba construir um bom produto, mais devo aconselhar que esta uva têm conseguido conquistar nossa preferência a cada momento que descobrimos um novo rotulo, a apreciação é tão prazerosa que mesmo se degustando safras recentes como o vinho pinotage da Avondale, safra 2007 "
http://www.avondalewine.co.za" notamos ainda que não é significativo o seu envelhecimento para o consumo uma vez que seu diferencial é justamente ter capacidade de ser degustada após dois ou três anos de engarrafado, contudo poderá envelhecer e ganhar potência se bem guardado, pois apesar de serem finos e fáceis de degustar, tem um bom equilíbrio e bom corpo, ao se tomar um bom pinotage asseguro que será um experiência inesquecível, o melhores são maduros, escuros e encorpados, sempre harmonizam bem com carnes vermelhas ou um maravilhoso e suculento cordeiro.

Bem, ficamos por aqui em nossa primeira incursão ao mundo do vinho, peço aos amantes da boa mesa que comentem nosso artigo e nos ajude nesta difícil e prazerosa tarefa, ao nossos fornecedores (resumo a cidade de Maceió) principalmente a Palato e Toscana, que nos surpreenda com bons e mais rótulos desta uva encantada.

“Existe mais filosofia numa garrafa de vinho que em todos os livros.”

(Pasteur)