
Portugal é um país de longa tradição vinícola, tendo como marco mais importante a implantação da vinicultura pelos romanos, tal como ocorreu nos demais países de maior expressão vinícola da Europa.
Este pequeno país tem um trajeto importante na historia do novo mundo, não só como colonizadores e grandes desenvolvedores tecnológicos na navegação da idade média, mas também como influenciadores e participadores diretos na arquitetura, literatura, filosofia, gastronomia e tantas outras gamas culturais e cientificas de nossa história, contudo a melhor parte de todas, pelo menos para mim, são os vinhos.
Entender a geografia dessa charmosa cultura é principalmente entender a sua história, suas cidades medievais ainda em total plenitude, o profundo e sistemático enlace dos princípios católicos em cada arco, templo e formato de vida que possamos encontrar, seus vales entrecortados pelas águas do Douro ao norte, Tejo mais ao centro e o Guadiana ao sul formam as principais regiões produtoras. Até o presente momento encontramos 32 regiões que produzem vinhos das mais diversas castas e técnicas produtivas (ver a imagem),

Entre as principais viniferas podemos citar: Alvarinho, Loureiro, Arinto, Encruzado, Bical, Fernão Pires, Moscatel e Malvasia Fina. Até a pouco tempo, com a exceção das castas Alvarinho e Moscatel era difícil encontrar vinhos brancos monocasta. Tradicionalmente juntam-se diversas castas brancas, Desde 1990 quem tem vindo a decrescer o interesse nos vinhos brancos acompanhado pelo crescente interesse nos vinhos tintos com as necessárias consequências em relação às castas brancas.
Algumas das castas tintas Portuguesas mais importantes são: Touriga Nacional, Tinta Roriz (ou Aragonês), Baga, Castelão, Touriga Franca e Trincadeira (ou Tinta Amarela).
Os vinhos portugueses estão classificados em quatro níveis de qualidade:
Vinho de Mesa - vinho inferior, cuja produção pode ser feita em qualquer região do país, e que não se enquadra nas categorias mencionadas a seguir.
Vinho Regional - vinho de qualidade superior ao vinho de mesa, produzido com, no mínimo, 85% de uvas provenientes da região especificada. Hoje existem muitos vinhos regionais de qualidade igual ou superior à de vinhos D.O.C., havendo inclusive alguns bons produtores que, por não concordarem com as regras impostas pela Comissão Reguladora dessa categoria, passaram a rotular seus vinhos como regionais.
Vinho de Denominação de Origem Controlada (D.O.C.) - teoricamente é a categoria de mais alto nível de qualidade e identifica o vinho produzido em região delimitada, sujeito a regras mais restritas quanto à procedência e variedades de uvas utilizadas, o método de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de envelhecimento, etc. Equivale à A.O.C. francesa, à D.O.C. italiana e à D.O. Espanhola.
Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada (V.Q.P.R.D.) – para atender ao Mercado Comum Europeu foi criada a nomenclatura Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada (V.Q.P.R.D.) que engloba as I.P.R. (Indicação de Proveniência Regulamentada) e as D.O.C.. Também foram criadas denominações para os vinhos espumantes e licorosos: V.E.Q.P.R.D. (Vinho Espumante de Qualidade Produzido em Região Determinada) e V.L.Q.P.R.D. (Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Determinada).
O mais respeitado crítico de vinhos do mundo, o advogado Robert Park,( foto)

Falemos agora do grande campeão, que além de se sagrar o melhor vinho de Portugal entre os 305 concorrente da amostra, ainda assegurou uma colocação entre os 10 melhores vinhos do mundo. O vinho é o Quinta do Crasto - Maria Tereza 2003, descreverei mais abaixo para os mais interessados e também mais pacientes a historia desse belo exemplar de pura história engarrafada.
O Velho mundo ainda sofria os reveses da Primeira Grande Guerra, quando Constantino de Almeida, adquiriu uma propriedade situada às margens direita do Rio Douro. Precisamente situada entre Régua e Pinhão, com 130 hectares, iria começar lá pelos idos de 1916, a trajetória de um dos mais bem sucedidos empreendimentos vinícolas do nosso planeta.
A Quinta do Crasto (foto do restaurante da vinícola) não só produz o melhor vinho de mesa de Portugal, segundo as revistas: Wine Spectator, Wine Advocate, Decanter e a Wine Spirits, bem como recebeu 96 pontos entre os 305 rótulos avaliados por Robert Parker, sendo assim,
Quinta do Crasto – Vinha Maria Tereza 2003 tornou-se então o vinho que melhor pontuou na história dos vinhos de mesa portugueses.
A vinha Maria Tereza, cujo nome foi uma homenagem de Constantino a sua primeira neta, é o mais bem posicionado vinho de todos os tempos na historia de Portugal, é um vinho produzido com uvas de vinhas velhas, composta por mais de 30 variedades, todas com mais de 90 anos. Passa por pisa em lagar tradicional e posteriormente para cuba de inox aberta onde passa por segunda pisa automática e fermenta por uma semana. Envelhece por 20 meses em barricas de carvalho (80% francesas e 20% americanas). Na safra 2003 foram produzidas 9 mil garrafas , com responsabilidade enológica nas mãos de Dominic Morris e Susana Esteban. Vinho de cor rubi, alta concentração sem halo. Olfativamente complexo, com predominância floral, violetas, toque balsâmico, chocolate, especiarias, pimenta e mineral. Na boca perfeitamente harmônico, estruturado e com longa persistência retrogosto frutado e cacau. NOTA 96/100.
Ficha técnica: http://www.quintadocrasto.pt/pt/vinhos/vinho_reserva.htm
Lista dos melhores vinhos de Portugal, segundo a Revista Wine Advocate
2003 | Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa | 96 |
2004 | Quinta do Crasto Vinha Da Ponte | 95 |
2001 | Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa | 95 |
2004 | Batuta | 95 |
2004 | Abandonado | 95 |
2000 | Quinta Do Fojo | 95 |
2000 | Quinta Da Manuela | 94 |
2005 | Redoma Reserva Branco | 94 |
2004 | Curriculum Vitae | 94 |
2004 | Quinta do Crasto Reserva Old Vines | 94 |
2003 | Duas Quintas Reserva Especial | 94 |
1999 | Barca Velha | 94 |
1994 | Reserva Ferreirinha | 93 |
2004 | Quinta do Vale Meao Tinto | 93 |
2003 | Quinta do Crasto Reserva Old Vines | 93 |
2003 | Quinta do Crasto Tinta Roriz | 93 |
2000 | Quinta do Crasto Vinha Da Ponte | 93 |
2004 | Chryseia | 93 |
2004 | Quinta Vale D Maria | 93 |
2003 | Curriculum Vitae | 93 |
2004 | Charme | 93 |
2004 | Redoma | 92 |
2005 | Redoma Branco | 92 |
2003 | Casa de Casal de Loivos | 92 |
2001 | Domingos Alves de Sousa Grande Escolha | 92 |
2003 | Cortes de Cima Reserva | 92 |
2000 | Quinta Da Gaivosa | 92 |
2004 | Poeira | 92 |
2003 | Chryseia | 92 |
2004 | Quinta do Crasto Touriga Nacional | 92 |
2003 | Quinta Do Vallado Reserva | 92 |
2004 | Duas Quintas Reserva Especial | 92 |
1989 | Reserva Ferreirinha | 92 |
2003 | Xisto | 92 |
2003 | Quinta Da Leda | 92 |
2003 | Pintas | 92 |
2000 | Carm Cm | 91 |
2004 | Carm Grande Reserva | 91 |
2003 | Quinta de San Joanne Escolha | 91 |
2000 | Quinta Da Leda | 91 |
2003 | Duas Quintas Reserva | 91 |
2003 | Quinta Do Portal Auru | 91 |
2004 | Dorado | 91 |
2002 | Quinta do Crasto Reserva Old Vines | 91 |
2004 | Casa de Casal de Loivos | 91 |
2003 | Quinta Vale D Maria | 91 |
2003 | Lavradores de Feitoria Grande Escolha | 91 |
1999 | Vinha Do Fojo | 90 |
2003 | Dona Maria Reserva | 90 |
2004 | Herdade de Malhadinha Nova | 90 |
2003 | Marques de Borba Reserva | 90 |
2003 | Domingos Alves de Sousa Quinta Da Gaivosa | 90 |
2003 | Domingos Alves de Sousa Reserva Pessoal | 90 |
2004 | Incognito | 90 |
2004 | Quinta Dos Quatro Ventos | 90 |
2004 | Quinta Da Terrugem | 90 |
2002 | Quinta Da Terrugem | 90 |
2003 | Quinta do Crasto | 90 |
2003 | Quinta Do Portal Grande Reserva | 90 |
2002 | Quinta de Roriz Reserva | 90 |
2004 | Quinta de la Rosa Reserve | 90 |
2005 | Quinta de Covela Escolha Branco | 90 |
2001 | Casa de Santar Touriga Nacional | 90 |
2001 | Casa de Santar Reserva | 90 |
2004 | Quinta Da Leda | 90 |
1998 | Colheita Ferreirinha | 90 |
2003 | Vinha de Mazouco Reserva | 90 |
2004 | Duas Quintas Reserva | 90 |
2003 | Carm Reserva | 90 |
Bem, ficaremo por aqui e por ser este o nosso primeiro post de 2011, resolvi escrever um pouco sobre uma cultura que muito admiro.
Até nosso próximo post, onde falaremos sobre prova às cegas.
" Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário"